Predestinação: coletiva ou individual?

Por Cristiano França
(Instagram: @cfeleito)

“E aos que predestinou, a estes também chamou…” (Romanos 8:30)

Quando a verdade vai contra as convicções de uma pessoa, seja qual for a área da vida em questão, o indivíduo, em geral, tem dois caminhos: mudar de opinião (o que em diversos aspectos denota inteligência) ou inventar a sua própria verdade, adaptando o fato àquilo que o seu ego aceita como “realidade”. Assim, muitas inverdades são vendidas como verdades absolutas e, infelizmente, acabam sendo compradas por muitos como se fossem indiscutivelmente reais.

No caso da relação do sistema religioso com a predestinação é exatamente isto que acontece. Afinal, sabemos que as doutrinas da eleição e soberania de Deus (que juntas redundam no entendimento geral da predestinação) são incontestavelmente bíblicas. Não há como negar que a predestinação ― não só a palavra, mas, principalmente, a ideia ― está visivelmente declarada na Palavra de Deus, ao contrário do suposto “livre-arbítrio” humano (como se nós pudéssemos escolher sermos filhos de Deus), que não encontra respaldo nos textos bíblicos ― sequer o Evangelho cita tal palavra.

O ego do ser humano não aceita que ele não tenha o “direito” de escolher se quer pertencer a Deus ou não. O homem quer o controle de tudo. Assim, o sistema religioso fomenta esta altivez da carne ao propagar a falsa doutrina do “livre-arbítrio” humano. Crer na livre escolha do homem em relação a Deus é o mesmo que acreditar que um vaso de barro possa escolher o seu formato, a sua cor, o seu uso e o local onde ele vai ornamentar. Isto seria um absurdo, pois o oleiro (quem cria os vasos) é quem define o destino e o uso de suas criações. Será que foi por acaso que o apóstolo Paulo usou justamente esta analogia dos vasos para ensinar sobre a eleição? (Romanos 9:14-23) Não obstante nós termos inteligência (ao contrário de um vaso de barro de verdade), a nossa perspicácia e nossas escolhas se resumem a esta vida terrena, nada tendo a ver, portanto, com o hipotético livre-arbítrio para escolhermos ― ou não ― o Altíssimo como nosso Pai (que, aliás, é o único que possui o arbítrio verdadeiramente livre). Ou seja, a fronteira de nosso arbítrio é a vontade Soberana daquele que nos criou e nos conduz.

Dentro do sistema religioso há, pelo menos, duas vertentes contrárias à concepção bíblica da predestinação: os que a negam veementemente (mesmo com todo o respaldo que esta doutrina apresenta) e aqueles que não a negam, mas querem adaptá-la à “verdade” deles (como comentei no início do texto). É deste segundo grupo que quero tratar aqui.

Como eu disse, esse segmento teológico não nega a existência da predestinação; porém, a interpretação que esse grupo dá à doutrina diz que ela é coletiva. Tal ideia, claro, é uma tentativa doentia de transformar a verdade de Deus em algo que se encaixa em suas próprias convicções. Este triste entendimento dá conta de que Deus não predestinou as pessoas individualmente, mas a coletividade, o grupo, no caso, a Igreja. Neste caso, qualquer um poderia participar deste grupo, bastando para isto “aceitar a Jesus”. Ou seja, segundo esta visão, qualquer indivíduo pode “se tornar” um predestinado por sua própria vontade e não pela vontade de Deus. Contudo, será que o apóstolo Paulo ― quem mais ensinou sobre predestinação ― pensava assim?

“…a fé não é de todos.” (2ª Tessalonicenses 3:2)

Como acabamos de constatar, Paulo não acreditava que qualquer um pudesse entrar no grupo dos predestinados. Segundo os ensinos do apóstolo da Graça, a fé pertence somente aos eleitos, àqueles que foram individualmente escolhidos por Deus.


O trato de Deus com Seu povo é individual, sempre foi. Não é por acaso que “…cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” (Romanos 14:12). Quando estivermos perante o Senhor para o recebimento do Galardão, vamos prestar contas individualmente e não de maneira coletiva. Outro exemplo: em tese, Deus predestinou os hebreus (o grupo todo) como sendo Seu povo, mas veja o que Paulo diz:

“…nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romanos 9:6).

Isto é, não basta pertencer à coletividade do povo eleito (em nosso caso, pertencer à coletividade da Igreja); tem que ser verdadeiramente de Deus (escolhido desde antes da Criação, de maneira individual) para ser um predestinado verdadeiro. E isto, claro, depende de Deus e não da vontade humana (João 1:12-13; Romanos 9:16; Efésios 1:5).

O golpe mortal nesta ideia absurda de “predestinação coletiva” é o fato de Paulo usar o caso dos gêmeos (Jacó e Esaú) como exemplo de eleição individual: ambos nasceram do mesmo ventre, na mesma ocasião, mas Deus amou um (eleito) e o outro não (Romanos 9:11-14). Este é o maior exemplo do trato individual que Deus tem com Seu povo, especialmente na questão da filiação de Seus filhos.

Ouvir é Fundamental

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)


“Consequentemente, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo.” (Romanos 10:17 – NVI)

A principal acepção que encontramos para a palavra grega “ék” (traduzida por “vem” nesta versão bíblica em português) é “de dentro para fora”, “do interior para o exterior”. Isto nos mostra que o texto se refere a algo que está dentro e vem para fora ou que, metaforicamente, está submerso e vem à tona.

Todos os eleitos de Jesus Cristo já nascem com o dom da fé em seu interior. Isto significa que todos que são eleitos já nascem com a capacidade de crer. Há um texto histórico do livro de Atos que nos dá uma boa dica sobre esta questão:

“Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna.” (Atos 13:48)

É tudo muito claro: as pessoas creram em Jesus porque haviam sido destinadas de antemão. Isto nos assegura que elas já possuíam a capacidade para crer, pois eram eleitas desde antes da fundação do mundo, antes mesmo de ouvirem a Palavra.

Em um primeiro momento, a importância de ouvir está no fato de a audição ser o canal que leva o som da Palavra, do ponto de vista físico, à nossa mente. Porém, o sentido de “ouvir” vai, evidentemente, além do que escutar fisicamente; neste caso, é ouvir com o “ouvido espiritual”, de filho de Deus, ou seja, é ouvir a Palavra possuindo o dom da fé habitando no coração:

“Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que a ouviram.” (Hebreus 4:2)

Para que a Palavra faça a diferença na vida de uma pessoa, a pregação precisa encontrar a fé dentro do âmago do indivíduo. Quando a mensagem de Cristo é pregada e se encontra no interior do homem com a genuína capacidade de crer em Jesus Ressuscitado ela “ativa” este dom de maneira irrevogável:

“Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.” (Romanos 11:29 – NVI)

No contexto do primeiro versículo citado no texto (onde Paulo diz que por meio da Palavra a fé se manifesta — é “ativada”, como costumamos dizer), o apóstolo dos gentios se referia ao crer no Evangelho para que houvesse a Salvação na mente dos israelitas. Porém, a fé é um dom que se manifesta de outras formas e, sendo assim, as demais manifestações (como a confiança para enfrentar circunstâncias) também despontam por meio da Palavra. Por isso, sem dúvida alguma, é importantíssimo que nos mantenhamos sempre ouvindo a Palavra, pois a fé já se manifestou em nós no que tange a crer na existência de Deus e a crer no Evangelho da Graça como a Revelação genuína, mas, enquanto estivermos nesta vida terrena, ainda precisaremos da direção da Palavra para crescermos no conhecimento e da ativação da fé no que se refere à confiança necessária para suplantarmos as adversidades que porventura possam surgir no mundo. Sendo assim, nunca deixe de ouvir e praticar a Palavra (Mateus 7:26).

SOMOS ABENÇOADOS!

Por que não celebramos o Natal?

Por Cristiano França
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“Ela dará à luz um filho, a quem chamarás Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21)

O nascimento de Jesus de Nazaré foi o primeiro passo da realização do plano divino de Salvação. O Cordeiro de Deus precisava participar de carne e sangue para que a empreitada redentora fosse finalmente iniciada.

Não obstante o nascimento de Jesus ter sido fundamental para a realização da redenção de Seu povo eleito, o fato é que por meio da revelação da Graça de Deus nós aprendemos a não conhecer mais o Senhor segundo a carne:

“Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já NÃO O CONHECEMOS DESSE MODO.” (2ª Coríntios 5:16)

Eis aí o primeiro motivo para não celebrarmos o Natal: esta festa celebra Jesus nascido em carne e nós já estamos em um nível maior de Fé: da cruz em diante nós voltamos nossos olhos espirituais para Jesus como Ressuscitado (Romanos 7:4) — como Deus assentado em Seu Trono de Glória — e não mais como judeu nascido em Belém.

Outro motivo para não enfatizarmos o dia 25 de dezembro é ainda mais contundente: Jesus, simplesmente, NÃO NASCEU nesta data. Este Natal religioso não tem respaldo no texto bíblico, seja na revelação de Paulo, seja nos textos históricos.

Veja bem: a Bíblia não diz em que dia ou mês Jesus nasceu. Mas, pelas informações contidas nos textos históricos, podemos concluir que Jesus não nasceu no inverno (naquela região é inverno em dezembro). Os pastores que visitaram Jesus estavam tomando conta das ovelhas à noite no campo (Lucas 2:8-9) e durante o inverno as ovelhas eram guardadas dentro de estábulos à noite, por causa do frio.

O pai de João Batista, Zacarias, estava trabalhando como sacerdote quando ouviu que iria ter um filho (Lucas 1:8-9). Os sacerdotes trabalhavam em vinte e quatro turnos e cada turno durava uma semana. De acordo com o calendário judeu, o turno de Zacarias trabalharia uma semana em maio ou junho. Se Isabel concebeu em junho, João Batista teria nascido em março (Lucas 1:23-24). Jesus foi concebido cerca de seis meses depois de João Batista e por isso tinham meio ano de diferença (Lucas 1:26-27). Se João Batista nasceu em março, Jesus teria nascido em setembro.

Muitos séculos antes de Cristo o “Natal” já era celebrado. Tudo começou devido a um fenômeno chamado solstício de inverno que ocorre no hemisfério norte. O dia deste solstício é marcado por ser o menor dia do ano (com menos luz). Assim, muitas religiões pagãs celebravam este solstício (que ocorre sempre entre os dias 21 e 23 de dezembro, dependendo do ano) como sendo o dia em que o sol venceu as trevas (ou seja, eles celebravam a “vitória do sol” sobre a escuridão mais longa do ano). Esta celebração do solstício em algumas culturas (principalmente entre persas e hindus) tinha como centro de culto um deus pagão chamado Mitra (conhecido como o “Sol Vencedor”). Para a cultura romana da época do Império, esta divindade era conhecida como “Solis Invictus” e seu aniversário era celebrado ― vejam só! ― no dia 25 de dezembro.

O mitraísmo se manteve vivo na Europa até meados do Século III. Mais precisamente no ano 313 d.C. o cristianismo foi legalizado em Roma por intermédio do Imperador Constantino I. Com o correr do tempo, a figura de Jesus passou a ser relacionada à do “Sol Vencedor”, assumindo assim algumas de suas características, dentre elas a data do seu nascimento. Assim, no ano 350 d.C., por meio de um decreto do Papa Júlio I, o aniversário de Jesus de Nazaré passou a ser comemorado oficialmente em 25 de dezembro. A partir deste período, o mitraísmo entrou em decadência e Jesus passou a ser conhecido, em lugar de Mitra, como o genuíno “Solis Invictus”. O Natal religioso, portanto, é uma data pagã, sem qualquer respaldo bíblico.

Por tudo que já foi dito, o Natal não tem nenhum valor para nós no que se refere ao âmbito espiritual. Não podemos admitir que sejamos fermentados com princípios antibíblicos criados por homens:

“Um pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gálatas 5:9)

Contudo, é bom que algo fique bem claro: não devemos deixar de nos reunir com nossos familiares e amigos, nos alegrar, comer e beber nos dias 24 e 25 de dezembro, se esta for uma tradição familiar. Isto é positivo e já faz parte da cultura da maioria das famílias. Apenas achamos importante que os eleitos conheçam a verdade para que não caiam no erro de comemorar algo que não faz o menor sentido.

Em suma: aproveitemos o feriado de 25 de dezembro para estarmos próximos de quem amamos, mas não atribuamos qualquer valor espiritual a esta data que, fora o fato de ser uma oportunidade para confraternizações, não passa de um dia como outro qualquer.

Deus já nos abençoou!

A Nova Jerusalém já desceu do Céu

Por Cristiano França
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“Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.” (Gálatas 4:26)

Uma pergunta sempre surge nas mentes dos filhos de Deus recém-convertidos ao Evangelho da Graça quando se deparam com a genuína revelação da Palavra sobre o nosso futuro no Reino de Deus: “Onde será a Nova Jerusalém?”. E a dúvida é pertinente, pois, se viveremos a nossa eternidade com Cristo no Paraíso, como fica a questão da Nova Cidade de Deus, a “Jerusalém que é de cima”? Afinal, se a escatologia bíblica está totalmente consumada (como sabemos que está), onde, então, está localizada a Nova Jerusalém aqui na Terra?

Quando a Palavra da Nova Aliança nos é relevada, a nossa visão, claro, é totalmente renovada e, consequentemente, direcionada a enxergarmos as coisas de Deus de maneira eminentemente espiritual. A religiosidade, porém, faz as pessoas verem exatamente de maneira oposta a este ideal. E a confusão sobre a “localização” da Nova Cidade do Eterno ocorre na mente dos eleitos justamente porque o sistema religioso, baseando-se em um texto do livro do Apocalipse, ensina o povo a ver a Nova Jerusalém de maneira física:

“E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Do lado do levante tinha três portas, do lado do norte, três portas, do lado do sul, três portas, do lado do poente, três portas.” (Apocalipse 21:10-13)

Bem, o primeiro ponto a ser observado neste texto citado acima é que ele relaciona a Nova Jerusalém com as doze tribos de Israel, ou seja, o Israel carnal. Esta relação feita da Jerusalém Celestial com as doze tribos hebreias vem do fato de que este livro fora escrito para os judeus do primeiro século (para alertá-los a respeito do juízo de Deus que viria sobre eles no ano 70dC). Como sabemos, a composição da Nova Jerusalém não leva em conta a carne (ou seja, se é judeu ou gentio na carne), mas, sim, quem é nova criatura (Gálatas 6:15). E o maior problema vem da interpretação dada ao texto pelo sistema tradicional, que entende de forma literal que a Cidade é um espaço geográfico, que tem muros, portas etc.

Como o Evangelho nos revela, a Nova Cidade de Deus não é um espaço físico e não vai se manifestar no futuro, pois ela já é uma realidade. Neste caso, a pergunta que deve ser feita não é “onde será a Nova Jerusalém?”, mas: QUEM É A NOVA JERUSALÉM? E a resposta está na Palavra do Evangelho:

“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembleia e IGREJA dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.” (Hebreus 12:22-23)

Para glória de Deus, por meio da revelação do Evangelho da Graça entendemos que a Nova Jerusalém já “desceu do céu”, pois nós SOMOS a Nova Cidade de Deus! Somos a Igreja do Eterno e já estamos posicionados estrategicamente no “monte”:

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma Cidade edificada sobre um monte.” (Mateus 5:14)

Somos ABENÇOADOS com todas as bênçãos!


 

Uma reflexão sobre a (pouca) difusão da Mensagem da Graça

Por Cristiano França
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Durante muito tempo busquei respostas para esta pergunta: por que a Mensagem da Graça, depois de tanto tempo (nosso Ministério, por exemplo, completou quinze anos de trabalho em 2020), continua ainda tão pouco difundida em relação à mensagem religiosa? Posso estar errado, mas a impressão que tenho é esta. É claro que alguns anos atrás a pregação que evidencia a Nova Aliança era ainda bem menos difundida. Mas, o sentimento que tenho é que a Palavra da Graça continua “encoberta”, ou seja, é algo que ainda não “caiu na boca do povo”. Com toda certeza, a grande maioria das pessoas no mundo — sejam evangélicas, católicas ou de outras crenças — jamais ouviu falar da Doutrina genuína da Graça.

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? Como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: ‘Quão formosos os pés dos que anunciam o Evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas’.” (Romanos 10:14-15)

É óbvio que esta pouca difusão da Graça tem um motivo (ou vários!). Alguns defendem que o fato de não haver uma unanimidade (uma espécie de concílio das “igrejas em Graça”) é uma dificultação ao avanço da Mensagem. Mais uma vez posso estar errado, mas não consigo concordar com esta tese, porque o movimento evangélico ou protestante está longe de ser unânime em suas doutrinas e isto não impede o crescimento constante deste segmento do cristianismo, apesar de suas diversas “versões”.

Certa vez um irmão entrou em contato comigo e perguntou se o fato de a Graça não avançar mais não seria por causa do que Jesus de Nazaré falou sobre os “poucos escolhidos” (Mateus 22:14). Vou transcrever a seguir uma parte da resposta que mandei a ele:

Eu sempre tomo cuidado com esta passagem bíblica, pois o contexto se refere aos hebreus (Jesus, na verdade, falava deles e não da humanidade toda). De qualquer forma, mesmo que Jesus estivesse falando de toda a humanidade, ainda assim, os “poucos” seriam muito mais do que os que atualmente estão em Graça. A minha questão, na verdade, não é por que as pessoas “recebem pouco” a Graça, mas, sim, por que a Mensagem da Graça, enquanto doutrina, não avança mais; não está mais na mídia; não é mais discutida etc. Por exemplo: a Doutrina da Graça, como a defendemos, que eu saiba, sequer é estudada em faculdades de teologia como uma “opção válida” de doutrina cristã. Não é que as faculdades teológicas tenham algum tipo de importância — para mim não têm mesmo! —, mas isso demonstra que a Graça ainda é muito pouco conhecida, independentemente se Ela é bem recebida ou não pelas pessoas.

Seguem abaixo os três principais motivos que, na minha opinião, são determinantes para a pouca propagação da Palavra da Graça.

1) FALTA DE ZELO COM A CAUSA DO REINO.

Paulo disse aos romanos: “Nunca lhes falte o zelo…” (Romanos 12:11 – Nova Versão Internacional). Não foi à toa que o apóstolo dos gentios falou isto. Infelizmente, quando conhecem a liberdade da Graça, muitos se deixam levar pela carne (Gálatas 5:13) e abandonam o compromisso com a Obra do Reino: não querem envolver-se e comprometer-se com o trabalho reinista, não querem oferecer o culto racional a Deus, raramente buscam o estudo da Palavra, contentando-se apenas com o “básico da Graça”, enfim. O correto seria que, após conhecerem a verdade do Novo Pacto, todos tivessem seu empenho pela causa da Fé multiplicado exponencialmente (ao menos foi o que ocorreu comigo e com muitos outros irmãos que conheço).

2) FALTA DE APOIO.

A genuína Graça apregoa o fim da prática do dízimo, já que este tem relação apenas com o Antigo Pacto e com o povo hebreu. Sendo assim, com o entendimento acerca do fim do dízimo (somado ao esfriamento do zelo citado acima) muitos que antes davam nas igrejas do sistema religioso ― além do dízimo ― ofertas alçadas, carnê do aluguel, envelope do sacrifício, envelope da campanha, entre outros, hoje, mesmo podendo, não contribuem em Graça. Não são todos, obviamente, mas a constatação é triste: a maioria age assim. Com isso, vários projetos ministeriais de evangelização ficam engavetados por falta de recursos e isto, evidentemente, faz com que a Palavra avance menos.

3) VERGONHA DE FALAR DA GRAÇA PARA AS PESSOAS MAIS PRÓXIMAS.

O conhecimento da Graça não nos foi dado para que o guardemos para nós. Porém, muitos não se preocupam ou têm vergonha de falar da Palavra para as pessoas, principalmente as mais próximas. Não falam da Graça para os amigos, familiares, colegas de trabalho, de escola etc. Desta forma, várias pessoas que já poderiam estar em Graça nunca ouviram falar da Palavra Predestinada de Sabedoria.

*****

Se hoje você está submetido à Palavra da Graça, reveja seus conceitos, caso se encaixe em uma ou mais dessas hipóteses.

“Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.” (1ª Coríntios 9:22)


 

Cristo em nós para sempre

Por Cristiano França
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“Assim que, querendo Deus mostrar mais abundantemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do Seu conselho, se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta.” (Hebreus 6:17-18)

Estes dois versículos que abrem este texto têm a função de nos lembrar de uma coisa que é muito “esquecida” pelo sistema religioso: O conselho de Deus é IMUTÁVEL (a Sua vontade, as Suas decisões, as Suas promessas etc.). Ou seja, o que Ele já fez por nós está feito para sempre e jamais será retirado.

O maior presente que recebemos do Eterno nesta Nova Aliança é a Sua presença eterna em nossas vidas. Segundo o apóstolo dos gentios, a presença de Cristo em nós é a nossa esperança — certeza! — da Glória “…que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8:18):

“A quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória.” (Colossenses 1:27)

Sendo a presença de Cristo em nós um dom de Deus, temos a certeza de que Ele jamais extinguirá este benefício, pois o Pai não se arrepende e não revoga os dons que Ele dá:

“Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.” (Romanos 11:29)

A segurança da Salvação não vem de nossa suposta capacidade, de nossos esforços, de nossas obras e demais coisas humanas. Nós estamos seguros em relação à nossa eternidade, pois confiamos plenamente na imutabilidade da Obra que Deus fez. A presença do Espírito de Cristo em nós — que é um dos maravilhosos reflexos da Obra realizada na cruz e na ressurreição pelos Seus eleitos — nos garante que nunca nos perderemos. Afinal, como nosso Amado habita em nós (e isto nunca irá mudar), se nós perdêssemos a nossa Salvação eterna, nosso Senhor se perderia conosco, pois Ele é fiel e não pode negar-Se a Si mesmo:

“Se somos infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-Se a Si mesmo.” (2ª Timóteo 2:13)

Além da segurança da Salvação eterna, a presença de Cristo nos dá outros incontáveis benefícios. Um dos grandes exemplos é o fato de a presença de Jesus nos libertar da necessidade de praticarmos o jejum de alimentos:

“Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o esposa não podem jejuar; dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim, hão de jejuar.” (Marcos 2:19-20)

Jesus deixou claro que enquanto Ele estiver conosco — e Ele está e estará para sempre — não podemos jejuar. Ele disse que o jejum deveria ser praticado somente quando fosse tirado. Na cruz o Senhor foi subtraído, mas no terceiro dia Ele retornou dos mortos e hoje habita em nós. Ou seja, quando as pessoas do sistema religioso jejuam, estão desmerecendo a Sua presença maravilhosa em suas vidas.

Jesus nos salvou na cruz e a Sua presença eterna em nós nos manterá salvos, isto é, vivos para sempre; além disso, Sua presença nos mantém santos, livres do pecado, livres da Lei de Moisés, abençoados, amados, perfeitos nEle, enfim: todos os benefícios do Novo Pacto vêm do fato de termos o Criador de todas as coisas habitando nosso corpo, sendo Um com o nosso espírito:

“Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com Ele.” (1ª Coríntios 6:17)

CRISTO JÁ NOS ABENÇOOU!

O Ministério de Paulo é apenas para os gentios?

Por Cristiano França
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“Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.” (Atos 13:47)

Não restam dúvidas de que o Ministério preparado por Deus para o apóstolo Paulo tinha como principal alvo os gentios — a saber, todos os demais povos que não vinham da linhagem israelita. E não poucas vezes Paulo fez questão de confirmar este chamado com suas próprias palavras:

“Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério.” (Romanos 11:13)

“Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios na fé e na verdade.” (1ª Timóteo 2:7)

“Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios.” (2ª Timóteo 1:11)

Este mover do Eterno em relação aos não hebreus, separando Paulo principalmente para este segmento ministerial, é algo perfeitamente compreensível, uma vez que a Mensagem revelada a ele através de Jesus Cristo Ressuscitado não tinha compromissos com a perpetuação das obras da Lei e, claro, com todo o raciocínio do Antigo Pacto, já que esta Aliança anterior à cruz foi feita apenas entre Deus e o povo de Israel e se tornou obsoleta a partir da instauração da Nova Aliança (Hebreus 8:13).

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei.” (Romanos 2:14)

Sem ter convivido com a Lei e seus mandamentos e com toda cultura que era exclusiva dos hebreus, os gentios precisavam de um Evangelho que não trouxesse em seu bojo todo aquele conceito antigo. Assim sendo, a Doutrina da Graça “veio bem a calhar”. Contudo, será que esta Revelação é só para os gentios? A resposta é NÃO, pois a Mensagem da Nova Aliança não veio em função dos gentios. Os gentios é que puderam participar do Reino em função do Evangelho da Graça.

A Mensagem da Graça de Deus é universal e o chamado de Paulo confirma isto:

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este
(Paulo) é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos FILHOS DE ISRAEL.” (Atos 9:15)

Este texto demonstra claramente que a Mensagem que Paulo defendia era também para os hebreus; porém, o apóstolo dos gentios não desenvolveu plenamente seu Ministério entre os judeus, pois os doze apóstolos foram enviados ainda por Jesus de Nazaré para levar a mensagem do Reino (a informação de que o Messias já tinha vindo) até aquele povo (Mateus 10:6-7). Além disso, houve um acordo de Paulo com os da circuncisão (Gálatas 2:9) que dividiu os ministérios.

Com a manifestação do Juízo de Deus sobre Israel (no ano 70 dC) a mensagem do Reino aos judeus se tornou obsoleta e a incumbência dos doze apóstolos terminou. Deste modo, a partir daquele momento, com a queda do Templo e o fim pleno da Lei, os israelitas alcançaram total liberdade para viverem submetidos à Mensagem da Graça de Deus e se livrarem do peso das obras da Lei. Assim sendo, o ideal é que, após obterem a revelação da Graça, todos os hebreus vivam como gentios, a fim de não correrem o risco de ressuscitar o Antigo Pacto em suas vidas.

“Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão.” (Gálatas 5:1)

SOMOS ABENÇOADOS!


 

O Deus que não pode ser definido

Por Cristiano França
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“Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi Seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dEle e por Ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” (Romanos 11:34-36)

Muitas são as dúvidas sobre Deus e Sua existência. E a busca por compreendê-lo a partir do ponto de vista racional humano jamais será suficiente para a obtenção de qualquer resposta sobre Ele, uma vez que é algo realmente impossível para o homem definir o Senhor, pois lhe falta capacidade intelectual para discernir a profundidade do Ser que o Eterno Criador de todas as coisas é.

Diversas pessoas mundo afora, na tentativa de racionalizar humanamente sobre o Altíssimo, se perguntam: “Quem é Deus?”, “De onde Ele veio?”, “Como Ele surgiu?”, “Quem O criou?”, “Existia alguma coisa antes de Deus existir?”, entre muitas outras questões. Como já disse no início, é impossível discernirmos Deus com o nosso limitadíssimo intelecto. Assim, penso ser uma perda de tempo nos preocuparmos com estes tipos de questões. Mesmo porque, o próprio Criador, quando precisou apresentar-Se a um homem, disse apenas o seguinte:

“…EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” (Êxodo 3:14)

A princípio é muito vago o Eterno Se apresentar como “Eu Sou”. E de fato é uma definição bastante imprecisa. Mas, conhecendo a incapacidade do homem de compreender o Seu indefinível Ser, o Pai de nossos espíritos só poderia Se resumir a Moisés deste modo.

De qualquer forma, ao apresentar-Se como Eu Sou, Aquele que criou todas as coisas nos forneceu algumas informações a respeito de Sua pessoa. Vejamos:

1) Tendo em vista a forma como Deus apresentou-Se a Moisés, podemos concluir facilmente que Ele mais do que existe, Ele É! Ou seja, existir apenas é uma característica de quem foi criado (como é o caso dos humanos. Nós, sim, apenas existimos, pois não éramos, fomos criados e, aí sim, passamos a existir). O Criador, ao contrário dos humanos, não “passou a existir” em algum momento. Por isso que o Pai mais do que existe, Ele É desde sempre.

2) Outra lição que podemos tirar da maneira como Deus apresentou-Se a Moisés é que Ele é autossuficiente em Si mesmo. Isto é, O Eterno não tem qualquer necessidade; Ele não depende de nada nem de ninguém, pois Ele É.

3) A denominação Eu Sou ainda nos ensina que o Eterno tem em Si tudo que nós precisamos. Ele É tudo para nós. Por isso que, estando nEle, nós estamos completos (plenos, perfeitos — Colossenses 2:10).

Jesus de Nazaré, ao Se definir aos Seus seguidores, deixou implícito quem Ele realmente era, a saber, Aquele mesmo Eu Sou revestido de carne:

“Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou o caminho, e a verdade e a vida’…” (João 14:6)

Deus não pode ser definido nem compreendido pela mente humana. Mas, por meio de Sua Palavra, podemos ter uma pequena noção de Sua grandiosidade. E quanto mais Deus Se revela a nós, mais queremos louvá-lo e engrandecê-lo. Por isso, “…conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor…” (Oséias 6:3).


 

Por que o Poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza?

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)

“E disse-me: a Minha Graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” (2ª Coríntios 12:9)

Devido aos conceitos que o sistema religioso impõe na mente do povo de Deus, as pessoas envolvidas nos diversos segmentos que se denominam “cristãos” não conseguem entender o poder da Graça de Deus em nossas vidas.

Um exemplo clássico que se pode observar a respeito da ignorância das pessoas em relação à Graça é o fato de que em todas as denominações, mesmo as menos rigorosas, é apregoada a ideia de Salvação através de méritos humanos. Muitas até falam da Graça de Deus e da Salvação por meio dela (Efésios 2:8-9), mas, ainda que de maneira velada, sempre fazem o povo crer que é preciso “fazer a nossa parte” para alcançarmos a Salvação eterna ou para que nos mantenhamos salvos.

Aqueles que entendem e estão submetidos genuinamente à Palavra da Graça do Eterno sabem que não há qualquer mérito do ser humano nas conquistas espirituais. Em outras palavras, toda a nossa posição espiritual e as conquistas deste âmbito de nossa existência dependeram exclusivamente de Jesus e de Sua amorosa Graça. Se somos salvos (e somos!), é pela Graça; somos abençoados, mais do que vencedores, predestinados, ungidos, amados por Deus, chamados a reinar em vida, templo do Espírito Santo, entre muitos outros benefícios: tudo é exclusivamente pela Graça de Deus. O apóstolo Paulo não deixa dúvidas a respeito da fonte de sua posição:

“Mas pela Graça de Deus sou o que sou…” (1ª Coríntios 15:10)

Quando, assim como Paulo, entendemos que tudo que somos diante de Deus é por meio da Graça, significa que já alcançamos a maturidade necessária para dependermos totalmente do Senhor. Geralmente, quando se fala em dependência, as pessoas pensam em algo negativo. Afinal, ninguém deseja ser dependente de outrem. No entanto, quando a ideia é ser dependente de Deus isto se torna algo totalmente positivo, pois é para este caminho que a Palavra do Evangelho nos direciona.

O apóstolo Paulo entendia ― assim como todos que já tiveram seus olhos iluminados pela Graça ― que ele dependia totalmente de Deus para todo o andamento de sua vida. Quando alcançamos este nível de amadurecimento espiritual fica fácil entendermos que o Poder de Deus em nossas vidas entra em ação por meio de nossas fraquezas. Isto pode parecer contraditório, mas não é. Ao contrário: tem que ser assim! Afinal, quando buscamos conquistas espirituais através de nossas obras, a saber: por meio de jejuns e outros sacrifícios corporais, santificações religiosas, cerimônias diversas etc., estamos pondo a nossa dependência em nós mesmos, isto é, em nossos supostos méritos e não na Graça de Deus. Note que em 2ª Coríntios 12:9 foi o próprio Deus quem falou diretamente a Paulo a respeito da atuação do Seu poder na vida do apóstolo: “O Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.

Deus estava dizendo (em outras palavras): “Paulo, você depende de Mim. Quando você se vê fraco, é aí que Eu atuo em sua vida”. Não por acaso, o apóstolo se refere no contexto:

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” (2ª Coríntios 12:10)

Quando nos achamos fortes por nossos méritos (o que é fruto de pura arrogância), o poder de Deus não atua em nós. Por outro lado, quando entendemos que somos totalmente fracos em nós mesmos e, por isso, dependentes do Eterno, o Seu poder atua e é glorificado em nossas vidas.


 

O Evangelho e a evolução da humanidade

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)

“Ora, Àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho (…) conforme a revelação do mistério (…) agora manifesto (…) dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé.” (Romanos 16:25-26)

Como sabemos, o Evangelho da Graça que Jesus Cristo Ressuscitado revelou a Paulo no Paraíso (2ª Coríntios 12:4) tem um caráter absolutamente universal. Foi exatamente por esta característica da mensagem da Graça que Deus separou Paulo para lhe confiar o Ministério do Evangelho eterno. A pregação dos demais apóstolos era destinada aos judeus e tinha como principais objetivos fazê-los enxergar que Jesus era o Messias que tanto aguardavam e que, portanto, eles não precisavam mais esperar pelo Reino e prepará-los para o Juízo que se aproximava (e que se consumou na vinda de Cristo no ano 70 dC ― com a destruição de Jerusalém e a queda do templo da Lei). Exatamente por esta causa que Jesus de Nazaré os proibiu de pregar às demais etnias, ou seja, aos que não tinham sangue israelita ― a saber, os gentios:

“A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos.” (Mateus 10:5)

Não fazia sentido que se pregasse aos não judeus uma mensagem carregada da cultura e da Lei judaica e que lhes fosse transmitida a ideia de que já havia chegado o Messias, mesmo porque os gentios nunca esperaram por Sua manifestação. A universalidade da Mensagem da Graça que o apóstolo Paulo propagou, portanto, visava o alcance de todas as etnias, sem a necessidade de envolvê-las com as profecias específicas aos hebreus e com obras e cerimônias que só faziam sentido no Antigo Pacto.

Uma vez que a Mensagem do Evangelho da Graça não era apenas para os hebreus, mas, principalmente, para os gentios, é evidente que ela ultrapassa as questões culturais e temporais. Diferentemente da mensagem do Reino do Messias e do Juízo Final destinada aos judeus, a Mensagem da Graça transcende o Juízo ocorrido no ano 70, pois ela foi dada por Deus também para as futuras gerações, às quais nós hoje em dia estamos incluídos:

“Deus nos ressuscitou com Cristo e com Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, NAS ERAS QUE HÃO DE VIR, a incomparável riqueza de sua Graça, demonstrada em Sua bondade para conosco em Cristo Jesus.” Efésios 2:6-7 (Nova Versão Internacional)

Já fui bastante criticado por afirmar que a Mensagem do Evangelho precisa ― até certo ponto ― ser adaptada aos tempos e às sociedades. Como eu não tenho medo de críticas, mantenho esta minha posição. Afinal, seria impossível vivermos hoje em dia como nos tempos bíblicos. Se precisássemos impor às pessoas todos os conceitos, o contexto e o ambiente das sociedades da época em que as epístolas da Nova Aliança foram escritas, a Mensagem de Cristo seria insuportável para nós e deixaríamos de viver a Sua essência, que é o que mais importa. Podemos usar o exemplo do caso das mulheres: muitas denominações até hoje as impedem de cortarem seus cabelos, as obrigam a usarem véus, não permitem que elas exerçam uma posição de ensino, entre outras proibições e imposições, baseadas no que Paulo as recomendou em sua época. Na época do apóstolo fazia sentido impor tais conceitos às mulheres por causa daquela sociedade, a fim de que se preservasse o bom testemunho do Evangelho. Tais recomendações específicas de Paulo às mulheres, no entanto, não cabem na sociedade atual.

É evidente que há fundamentos que são pétreos na Palavra de Deus, ou seja, há diretrizes imutáveis que independem da época e dos conceitos de qualquer geração. Contudo, é preciso ficarmos atentos com o que deve ser atualizado para não tornarmos a mensagem cristã intolerável de modo que a sociedade que nos cerca deixe de viver a essência do legado de Jesus Cristo.